quarta-feira, 30 de novembro de 2011

UMA PARCERIA DE PESO!


                     

O CEPAC ( Centro de Patologia e Análises Clínicas Padre Ângelo), e o Hospital São José da Sociedade Beneficente São Camilo acabam de firmar uma parceria inédita para Balsas, com o objetivo de aglutinar num mesmo local o que há de melhor em saúde no município e região.

A partir de 05 de Dezembro o laboratório Padre Ângelo passará a funcionar nas dependências do Hospital São José, oferecendo assim ao corpo médico dessa instituição atendimento 24 horas para exames de urgência de pacientes internados ou ambulatoriais, além do atendimento de rotina para a população em geral.

Com uma história de 18 anos de serviços prestados à população de Balsas e região, o CEPAC é o único laboratório participante do PNCQ e possuidor do selo de qualidade dessa instituição, contando com uma equipe de alto nível técnico e equipamentos automatizados, oferecendo assim a nossos clientes exames com rapidez, qualidade e confiabilidade.



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Depoimento Dra. Liziane Anzanelo




Meus amigos, como oncologista digo que ninguém está desejando mal ao Lula ou aos pacientes sofredores de câncer, mas sabemos que quando um governante passa na pele o que um paciente passa para ter o direito a um tratamento digno e justo, ou mesmo morre na fila esperando um medicamento, uma cirurgia ou simplesmente pela ineficiência do sistema, temos que nos revoltar!!!
Porque todos não tem o direito de ter um diagnóstico no sábado e iniciar o tratamento na segunda, me digam um paciente que conseguiu essa presteza, ou que tratou linfoma com a droga de ponta que a Dilma usou, ou vai fazer infusão contínua com cateter e bomba de infusão de uso domiciliar???
Por que não nos exasperarmos por nem todos terem os mesmos direitos???
Somos diferentes porque não temos convênios, ou mesmo cargos importantes???
E a Constituição Federal não diz que temos todos os direitos e somos iguais???
Temos sim que aproveitar essa situação e mostrar que há diferenças nos tratamentos e lutar pelos direitos dos mais fracos. Não é justo que um paciente espere 30-40 dias para ter um diagnóstico patológico, ou aguarde na fila de cirurgias, simplesmente porque não há mais médicos se submetendo aos salários de fome que o SUS paga!
Pagar de 10 - 17 reais de honorários de quimioterapia por paciente/mês é simplesmente um achaque!
Pagar 1.200 reais por Mês para médicos da rede pública por 20 horas de trabalho, e fazê-los atender 18 pacientes ou mais em 04 horas é um abuso!
Eu quero sim que ele se cure e tenha um excelente tratamento, que com certeza já está tendo, mas e o paciente que atendi hoje que não teve a mesma sorte 
e está morrendo no hospital com menos de 30 anos...
E as mulheres com câncer de mama que não conseguem usar o tratamento mais moderno?
E a fila da reconstrução mamária das mulheres mastectomizadas?
E as filas imensas da radioterapia, que só não são maiores pela abnegação de radioterapeutas que tratam os pacientes SUS em suas clínicas privadas,
muitas vezes arcando com os custos do tratamento para verem seus pacientes melhor atendidos?

Temos sim que falar, temos que mostrar à população que não é assim que ocorre no dia a dia de pacientes oncológicos, que ficam sentados dentro de ambulâncias o dia todo aguardando para voltarem para suas casas após terem feito seus tratamentos ou seus exames cedo pela manhã, aguardando aqueles que fazem exames e tratamentos á tarde.
Se vocês não sabem o câncer é uma doença que mais mata somente vindo atrás das doenças coronarianas.
Quase um problema de saúde pública!
E seus custos são altos sim, mas não justificam que para custeá-los temos que sacrificar pacientes que teriam chances reais de cura, que hoje mesmo a doença se encontrando em estágios avançados chegam aos índices de 50 %.
Sinto muito se o Lula está passando por isso, mas com certeza não está lutando para ter seu medicamento e passando por um grave estresse para ver quando vai começar ou quando vão lhe chamar para iniciar seu tratamento!
Queria que todos os pacientes oncológicos tivessem o direito ao tratamento de ponta oferecido no Sírio ou no Einstein!! 
Somente nós médicos sabemos o dilema ético ao dizer ao paciente que terá que fazer um tratamento, mas que talvez não tenha acesso no sistema, por exemplo a hormonioterapia extendida para câncer de mama após uso de Tamoxifeno, não é disponibilizada ao pacientes do SUS, porque não tem código para esse tratamento, haja visto que a tabela está desatualizada.

O SUS diz que paga tudo, as tabelas realmente não dizem qual tratamento o médico deve fazer, o médico pode prescreve o que quiser, entretanto, 
o valor pago pelo código da doença é ínfimo e não cobre os novos tratamentos, quem paga a conta???
Os hospitais filantrópicos???  Os hospitais públicos já tão sucateados...
Ou deixamos assim, e não nos indignamos, afinal eu não tenho nada a ver com isso, na minha família niguém tem câncer, e eu tenho convênio de saúde, para que vou me preocupar????
Quando a água bater naquele lugar, quero ver....
Sorry pelo desabafo!
Mas é irritante escutar tanta coisa de quem não tem a mínima noção do que seja a saúde nesse país, 
e isso que em Blumenau e no Sul do Brasil, vivemos num paraíso, comparado com o resto do país!

Dra. Liziane AnzaneloOncologista - Blumenau - SC

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

REPÓRTER ENTREVISTA NEM UMA SEMANA ANTES DE SUA PRISÃO


Meu encontro com Nem

 

RUTH DE AQUINO

Era sexta-feira 4 de novembro. Cheguei à Rua 2 às 18 horas. Ali fica, num beco, a casa comprada recentemente por Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, por R$ 115 mil. Apenas dez minutos de carro separam minha casa no asfalto do coração da Rocinha. Por meio de contatos na favela com uma igreja que recupera drogados, traficantes e prostitutas, ficara acertado um encontro com Nem. Aos 35 anos, ele era o chefe do tráfico na favela havia seis anos. Era o dono do morro.
Queria entender o homem por trás do mito do “inimigo número um” da cidade. Nem é tratado de “presidente” por quem convive com ele. Temido e cortejado. Às terças-feiras, recebia a comunidade e analisava pedidos e disputas. Sexta era dia de pagamentos. Me disseram que ele dormia de dia e trabalhava à noite – e que é muito ligado à mãe, com quem sai de braços dados, para conversar e beber cerveja. Comprou várias casas nos últimos tempos e havia boatos fortes de que se entregaria em breve.
Logo que cheguei, soube que tinha passado por ele junto à mesa de pingue-pongue na rua. Todos sabiam que eu era uma pessoa “de fora”, do outro lado do muro invisível, no asfalto. Valas e uma montanha de lixo na esquina mostram o abandono de uma rua que já teve um posto policial, hoje fechado. Uma latinha vazia passa zunindo perto de meu rosto – tinha sido jogada por uma moça de short que passou de moto.
Aguardei por três horas, fui levada a diferentes lugares. Meus intermediários estavam nervosos porque “cabeças rolariam se tivesse um botãozinho na roupa para gravar ou uma câmera escondida”. Cheguei a perguntar: “Não está havendo uma inversão? Não deveria ser eu a estar nervosa e com medo?”. Às 21 horas, na garupa de um mototáxi, sem capacete, subi por vielas esburacadas e escuras, tirando fino dos ônibus e ouvindo o ruído da Rocinha, misto de funk, alto-falantes e televisores nos botequins. Cruzei com a loura Danúbia, atual mulher de Nem, pilo-tando uma moto laranja, com os cabelos longos na cintura. Fui até o alto, na Vila Verde, e tive a primeira surpresa.

LOGÍSTICA


Não encontrei Nem numa sala malocada, cercado de homens armados. O cenário não podia ser mais inocente. Era público, bem iluminado e aberto: o novo campo de futebol da Rocinha, com grama sintética. Crianças e adultos jogavam. O céu estava estrelado e a vista mostrava as luzes dos barracos que abrigam 70 mil moradores. Nem se preparava para entrar em campo. Enfaixava com muitos esparadrapos o tornozelo direito. Mal me olhava nesse ritual. Conversava com um pastor sobre um rapaz viciado de 22 anos: “Pegou ele, pastor? Não pode desistir. A igreja não pode desistir nunca de recuperar alguém. Caraca, ele estava limpo, sem droga, tinha encontrado um emprego... me fala depois”, disse Nem. Colocou o meião, a tornozeleira por cima e levantou, me olhando de frente.
Foi a segunda surpresa. Alto, moreno e musculoso, muito diferente da imagem divulgada na mídia, de um rapaz franzino com topete descolorido e riso antipático, como o do Coringa. Nem é pai de sete filhos. “Dois me adotaram; me chamam de pai e me pedem bênção.” O último é um bebê com Danúbia, que montou um salão de beleza, segundo ele “com empréstimo no banco, e está pagando as prestações”. Nem é flamenguista doente. Mas vestia azul e branco, cores de seu time na favela. Camisa da Nike sem manga, boné, chuteiras.
– Em que posição você joga, Nem? – perguntei.
– De teimoso – disse, rindo –, meu tornozelo é bichado e ninguém me respeita mais em campo.
Foi uma conversa de 30 minutos, em pé. Educado, tranquilo, me chamou de senhora, não falou palavrão e não comentou acusações que pesam contra ele. Disse que não daria entrevista. “Para quê? Ninguém vai acreditar em mim, mas não sou o bandido mais perigoso do Rio.” Não quis gravador nem fotos. Meu silêncio foi mantido até sua prisão. A seguir, a reconstituição de um extrato de nossa conversa.

Acho que em menos de 20 anos a maconha vai ser liberada no Brasil. Já pensou quanto as empresas iam lucrar? "
NEM, LÍDER DO TRÁFICO 

UPP “O Rio precisava de um projeto assim. A sociedade tem razão em não suportar bandidos descendo armados do morro para assaltar no asfalto e depois voltar. Aqui na Rocinha não tem roubo de carro, ninguém rouba nada, às vezes uma moto ou outra. Não gosto de ver bandido com um monte de arma pendurada, fantasiado. A UPP é um projeto excelente, mas tem problemas. Imagina os policiais mal remunerados, mesmo os novos, controlando todos os becos de uma favela. Quantos não vão aceitar R$ 100 para ignorar a boca de fumo?”

Beltrame “Um dos caras mais inteligentes que já vi. Se tivesse mais caras assim, tudo seria melhor. Ele fala o que tem de ser dito. UPP não adianta se for só ocupação policial. Tem de botar ginásios de esporte, escolas, dar oportunidade. Como pode Cuba ter mais medalhas que a gente em Olimpíada? Se um filho de pobre fizesse prova do Enem com a mesma chance de um filho de rico, ele não ia para o tráfico. Ia para a faculdade.”

Religião “Não vou para o inferno. Leio a Bíblia sempre, pergunto a meus filhos todo dia se foram à escola, tento impedir garotos de entrar no crime, dou dinheiro para comida, aluguel, escola, para sumir daqui. Faço cultos na minha casa, chamo pastores. Mas não tenho ligação com nenhuma igreja. Minha ligação é com Deus. Aprendi a rezar criancinha, com meu pai. Mas só de uns sete anos para cá comecei a entender melhor os crentes. Acho que Deus tem algum plano para mim. Ele vai abrir alguma porta.”

Prisão “É muito ruim a vida do crime. Eu e um monte queremos largar. Bom é poder ir à praia, ao cinema, passear com a família sem medo de ser perseguido ou morto. Queria dormir em paz. Levar meu filho ao zoológico. Tenho medo de faltar a meus filhos. Porque o pai tem mais autoridade que a mãe. Diz que não, e é não. Na Colômbia, eles tiraram do crime milhares de guerrilheiros das Farc porque deram anistia e oportunidade para se integrarem à sociedade. Não peço anistia. Quero pagar minha dívida com a sociedade.”

Drogas “Não uso droga, só bebo com os amigos. Acho que em menos de 20 anos a maconha vai ser liberada no Brasil. Nos Estados Unidos, está quase. Já pensou quanto as empresas iam lucrar? Iam engolir o tráfico. Não negocio crack e proíbo trazer crack para a Rocinha. Porque isso destrói as pessoas, as famílias e a comunidade inteira. Conheço gente que usa cocaína há 30 anos e que funciona. Mas com o crack as pessoas assaltam e roubam tudo na frente.”

Recuperação “Mando para a casa de recuperação na Cidade de Deus garotas prostitutas, meninos viciados. Para não cair na vida nem ficar doente com aids, essa meninada precisa ter família e futuro. A UPP, para dar certo, precisa fazer a inclusão social dessas pessoas. É o que diz o Beltrame. E eu digo a todos os meus que estão no tráfico: a hora é agora. Quem quiser se recuperar vai para a igreja e se entrega para pagar o que deve e se salvar.”

Ídolo “Meu ídolo é o Lula. Adoro o Lula. Ele foi quem combateu o crime com mais sucesso. Por causa do PAC da Rocinha. Cinquenta dos meus homens saíram do tráfico para trabalhar nas obras. Sabe quantos voltaram para o crime? Nenhum. Porque viram que tinham trabalho e futuro na construção civil.”

Policiais “Pago muito por mês a policiais. Mas tenho mais policiais amigos do que policiais a quem eu pago. Eles sabem que eu digo: nada de atirar em policial que entra na favela. São todos pais de família, vêm para cá mandados, vão levar um tiro sem mais nem menos?”

Tráfico “Sei que dizem que entrei no tráfico por causa da minha filha. Ela tinha 10 meses e uma doença raríssima, precisava colocar cateter, um troço caro, e o Lulu (ex-chefe) me emprestou o dinheiro. Mas prefiro dizer que entrei no tráfico porque entrei. E não compensa.”
Nem estava ansioso para jogar futebol. Acabara de sair da academia onde faz musculação. Não me mandou embora, mas percebi que meu tempo tinha acabado. Desci a pé. Demorei a dormir.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A operadora dos pequenos


A operadora dos pequenos

(Artigo publicado na revista ISTO É)

Nº EDIÇÃO: 676 | Mercado Digital | 17.SET.10 - 21:00

 

A Unotel leva conexão de banda larga para provedores de internet nanicos localizados em regiões distantes, nas quais as grandes empresas de telefonia não têm interesse

 

Por Ralphe Manzoni Jr.
Balsas, no Maranhão, Areado, no sul de Minas Gerais, e Novas Russas, no Ceará. O que essas três cidades têm em comum? Além de ficar longe de grandes centros urbanos, elas carecem de infraestrutura tecnológica para fornecer banda larga para os seus poucos habitantes. É fácil entender esse drama.
As empresas de telefonia não veem retorno financeiro nestes pequenos municípios. Foi pensando nisso que empresários da região de Lagoa Santa, Minas Gerais, tiveram uma ideia simples: por que não unirem forças para negociar com as operadoras de telecomunicações e conseguir preços melhores para todos? 


Surgia aí, em 2006, a Unotel Telecom, uma empresa que compra banda larga no atacado e vende no varejo para pequenos provedores de 18 Estados brasileiros. “Chegamos aonde as outras operadoras não têm interesse”, diz João José Ranzini, presidente da empresa, que fatura mais de R$ 20 milhões por ano.

Com quatro anos de vida, a Unotel atende 300 provedores, cuja soma de clientes atinge 1,5 milhão de pessoas. Esse número a coloca na quarta posição no ranking de banda larga no Brasil, atrás apenas das gigantes Oi, NET e Telefônica e à frente da GVT, que foi comprada pela francesa Vivendi por R$ 7 bilhões em novembro do ano passado.


Como compra em grandes volumes, ela consegue oferecer preços até 25% menores. Observe o caso da NipponTec, localizada em Balsas, a 800 quilômetros de São Luís, no Maranhão. “Fiquei por dois anos esperando por uma conexão”, diz José Ulisses, diretor do provedor que tem apenas 370 clientes. A IP3 Tecnologia, baseada em Areado, cidade com apenas 15 mil habitantes, vive situação diferente. Na região em que atua, ela conta com as operadoras Oi, CTBC, Embratel e Global Crossing, mas o custo era alto. 

“Com a Unotel, consigo ter preços mais competitivos”, assegura Laerpe Fernandes Ferreira, sócio da empresa que atende duas mil pessoas. A VexNet, com sede em Novas Russas, se sentia desprezada pelo seu fornecedor. Toda vez que precisava de um serviço, a operadora com quem ela trabalhava demorava mais de 60 dias para fazer o trabalho. “Agora, está tudo mais fácil e menos burocrático”, afirma Cláudio Bezerra, sócio do provedor que está em 17 cidades e conta com 1,6 mil clientes.